sexta-feira, 3 de julho de 2009

O COLECIONADOR DE CREPÚSCULOS




Com direção e dramaturgia de Vladimir Capella, a peça destinada ao público jovem é baseada nos contos de Luís da Câmara Cascudo, considerado um dos homens mais importantes do século para a cultura popular brasileira, a peça revela as raízes do Brasil para as crianças e adolescentes por meio de lendas e histórias de seu povo. Religião, crenças, costumes, mitos, tradições e aspectos característicos da gente brasileira são mostrados por meio de contos recolhidos do famoso historiador, folclorista, antropólogo, advogado, jornalista e autor de mais de 150 livros. História e memória, amor e separação, solidão e velhice, vida e morte e o papel da arte são alguns dos temas discutidos na peça. Capella levou em conta um dos passatempos preferidos do autor potiguar, apreciar o entardecer, para intitular o espetáculo O Colecionador de Crepúsculos, que reproduz alguns contos: O Compadre da Morte, A Velha Amorosa, O Marido da Mãe D´Água, A Menina Enterrada Viva e A Formiguinha e a Neve. A história central da peça é inspirada no primeiro, que conta como um caipira muito pobre quer arrumar uma madrinha para seu filho. A morte, uma senhora rica e ilustrada se oferece para batizar o menino e, em troca, a comadre faz do caipira um médico muito famoso. Ele é capaz de prever o futuro de um doente, por meio de um truque simples: se ela estiver posicionada na cabeceira da cama o doente se salvará, mas se estiver aos pés da cama, ele morrerá.Ao lado dessas histórias aparece a figura de Luís da Câmara Cascudo, ouvindo, registrando, fumando seu charuto e apreciando o crepúsculo. Até que um dia ele adoece. E a morte se posiciona aos pés da cama. Mas o caipira não quer que aquele homem sábio venha a morrer. E é assim que o esperto caipira vai procurar meios de enganar a morte para salvar a vida do folclorista. Diversas cenas são, ainda, enriquecidas com a presença de personagens-narradores: pescadores, lavadeiras, pessoas do povo.Nesta produção, Vladimir Capella reúne 24 atores experientes e aposta na riqueza da linguística e da poética embaladas com inúmeras canções executadas ao vivo. Além disso, o cenário e figurinos da peça, ricos em detalhes, são assinados por J.C. Serroni, completando assim um interessante painel da cultura popular brasileira.“A peça pretende homenagear esse grande mestre e servir de instrumento para mostrar a riqueza da cultura nacional de maneira lúdica, por meio de lendas e histórias do nosso povo”, conta Capella.Por meio de suas personagens, o texto mostra toda a riqueza linguística da fala brasileira com seus variados sotaques: “caipirês”, “gauchês”, “nordestinês”, contrastando com a linguagem culta utilizada pela Morte.

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